Momento de Orgulho: Centro Pop Celebra a Formatura dos Acolhidos no Ensino Fundamental

Momento de Orgulho: Centro Pop Celebra a Formatura dos Acolhidos no Ensino Fundamental

É emocionante acompanhar a formatura de um filho que conclui o ciclo de ensino dentro do tempo esperando. Dá para imaginar a emoção daqueles que só tiveram a oportunidade de receber o diploma depois de anos afastados das cadeiras escolares e, ainda, vivendo como pessoa em situação de rua.

Emoção experimentada, na noite da última quinta-feira (14), por Luan Araújo (27), Alessandro Amorim Nascimento (39), José Edilson Santos Nascimento Junior (34), acolhidos do Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua de Vitória, onde passaram a frequentar o polo de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em funcionamento no local.

Oportunidade e apoio foram as palavras que impulsionaram a mudança na trajetória de vida de Luan Araújo, 27. No Centro Pop há três anos, ele ingressou no primeiro segmento da EJAmeio desacreditado que seria possível aprender tanto conteúdo, ler e escrever, quanto mais receber um diploma. O que parecia impossível no começo, se tornou uma realidade que o deixou todo orgulhoso, feliz e motivado a fazer planos para o futuro.

“É uma alegria só. Eu consegui aprender. O diploma na mão me ajudará a seguir em frente”, disse Luan. Ao ser questionado quais seriam os próximos passos, ele foi rápido na resposta: “Não acreditava que iria conseguir, agora, acredito que sou capaz. Quero concluir o Ensino Médio e fazer o curso para ser Bombeiro”.

O colega de turma Alessandro Amorim disse que não tinha palavras para descrever a emoção de ser um formando. Embora acreditasse no seu potencial, ele disse que as dificuldades ao longo da jornada de estudo tornaram a trajetória difícil. “Não tem como descrever o que estou sentindo agora. Ter chegado até aqui não foi fácil, mas chego de cabeça erguida. Eu tinha fé na vitória”, afirmou Alessandro.

Com o diploma na mão, Alessandro afirmou que não quer mais parar com os estudos. “Quero chegar à faculdade para conseguir uma profissão bonita, que me dê um bom emprego”, frisou ele.

Satisfação

Mais avançado nos estudos, José Edilson se formou no segundo segmento e, em 2024, já vai estudar no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). “É muita felicidade. Foi muito esforço para chegar até aqui”, disse Edilson.

A emoção não fica restrita aos alunos. As professoras da EJAdo Centro Pop Andressa e Rose estão aí para provar a satisfação de ver a conclusão desta etapa atinge a todos. “A partir do momento que eles chegam a gente acredita, é uma realização do que a gente acredita. A gente acredita na capacidade de cada um dele”, disse Andressa.

O sentimento de realização também invade o coração de Rose. “Realização de todos os professores. Eles chegam com uma perspectiva que muitas vezes é negativa e, nós, estamos ali dando apoio. Eles confiam demais na gente, é uma troca muito importante”, comentou Rose.

Para as professoras, o maior desafio na trajetória delas foi conseguir que o grupo permanecesse estudando. “A gente insiste. O que eles enfrentam nas ruas, muitas vezes, chegam lá e pensam desistir”, disse Andressa. “A gente fica na conquista desses alunos diariamente. A partir do momento que eles passam a confiar, essa frequência na escola é bem maior”, complementou Rose.

A coordenadora do Centro Pop, Danielle Solano, acompanhou a trajetória de perto desde o primeiro dia de aula até a formatura. Danielle admitiu que estava muito orgulhosa de todos. “Saber que eles conseguiram faz crescer a certeza que o trabalho da política de assistência social unida a outras políticas públicas é possível acontecer a transformação na vidas das pessoas e a garantia de direitos se torna cada vez mais possível para todos.

Ao saber da formatura dos usuários do Centro Pop, a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, disse que esta é mais uma demonstração de que a Assistência Social com o apoio de outras políticas públicas torna possível as mudanças positivas, também, na trajetória de vida dessa população em situação de rua.

“Apoiamos a possibilidade de superação da condição de rua r e temos certeza que o caminho é diferente pra cada pessoa, mas o caminho é reconhecer direitos e garantir políticas públicas”, reforçou a secretária.