Erick Musso: “Não me consagrei vencedor nas urnas, mas recebi quase 350 mil votos concorrendo com duas figuras políticas muito experientes”
O Republicanos, que já foi conhecido como Partido Municipalista Renovador (PMR) e Partido Republicano Brasileiro (PRB), se define como “um movimento político conservador”.
Criado em 2005, o partido conta hoje com 76 deputados estaduais ou distritais, 40 deputados federais e quatro senadores em exercício, dentre os quais, a ex-ministra Damares Alves (DF) e o ex-vice-presidente, Hamilton Mourão (RS).
Além desse número expressivo de parlamentares, o Republicanos está à frente do Executivo do estado de maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, com o governador Tarcísio de Freitas, que ganhou as eleições paulistas, no segundo turno, com quase 14 milhões de votos, e no comando de Tocantins, com o governador reeleito Wanderlei Barbosa.
O partido ainda conta com a atuação de 2.551 vereadores e 212 prefeitos, dentre eles, o prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini.
O Republicanos capixaba conseguiu reeleger Amaro Neto e elegeu Messias Donato, como deputados federais. Quatro nomes do partido atuam no legislativo estadual: Sérgio Menegueli, Hudson Leal, Alcântaro e Bispo Alves.
A dimensão política do partido, que é o único do País a ter uma faculdade autorizada pelo Ministério da Educação, é inquestionável.
No Espírito Santo, o Republicanos passou a ser presidido pelo ex-deputado estadual por dois mandatos, Erick Musso, que além de ter se tornado presidente da Assembleia Legislativa por três vezes consecutivas, foi eleito vereador pelo município de Aracruz, onde também foi presidente, com apenas 25 anos.
Nas eleições de 2022, não conseguiu uma vaga para o Senado, embora tenha alcançado quase 350 mil votos.
Ele assume um cargo que era ocupado por Roberto Carneiro, que se tornou presidente estadual do Republicanos, em São Paulo, no início de 2023.
Hoje, com 36 anos, Erick Musso acumula experiência política e uma carreira marcada por conquistas e também por recomeços.
O Portal Política Capixaba entrevistou o novo Presidente Estadual do Republicanos. Confira:
O senhor se arrepende de não ter disputado a reeleição para a Assembleia?
De maneira alguma. Acredito que o meu propósito no legislativo tenha se cumprido. A decisão foi tomada com consciência. E termino esse ciclo com a sensação de dever cumprido. Nessa década, com a ajuda dos meus pares, tanto no parlamento municipal quanto na Assembleia Legislativa, pude colaborar com a propositura de políticas públicas que fortaleceram o Espírito Santo. E senti que era o momento de participar da política de uma outra maneira.
Fui feliz nesse período e sou grato à população de Aracruz que me confiou um mandato na Câmara Municipal, em que, logo nos primeiros anos, fui eleito presidente e, depois, além dos meus irmãos aracruzenses, a todo o povo capixaba que me elegeu por duas vezes deputado estadual, tendo sido presidente do Poder Legislativo por três vezes consecutivas.
Que avaliação o senhor faz do resultado do seu partido nas últimas eleições? E como encarou a sua derrota para o Senado?
Avaliação muito positiva. Concorrer ao Senado foi um aprendizado de urna, costumo dizer. Uma campanha grande, majoritária. Pude rodar todo o Estado, dialogar com as pessoas, sentir mais uma vez o anseio e o clamor popular. Também constatei que muitos não sabem ou não entendem o papel importantíssimo que exerce um senador da república. E acredito que eu contribuí para que muitos se aproximassem mais dessa figura, conhecessem mais sobre o cargo.
O slogan da minha campanha era “o povo no senado” e acredito que um dia, esse povo capixaba que tanto amo vai se sentir representado na câmara alta do Congresso Nacional. Não me consagrei vencedor nas urnas, mas recebi quase 350 mil votos concorrendo com duas figuras políticas muito experientes. Votos que vieram dos 78 municípios do Espírito Santo. Então, só tenho a agradecer essa confiança. E isso não é um número pequeno. É expressivíssimo!
Tive quase 20% dos votos do Espírito Santo. Um jovem do interior do Estado, com 35 anos de idade, chegar a quase 20% dos votos para senador não é pouca coisa. Isso me honra, mas também aumenta muito a minha responsabilidade.
Como analisa a composição atual da Assembleia Legislativa e como enxerga o alinhamento aparente, entre o Governo do Estado e a maioria dos parlamentares?
Sempre defendi a harmonia e a independência entre os poderes constituídos. A união de todas as figuras políticas públicas fortalece o Estado. É claro que existem as ideologias, os debates, as diferenças de pensamento. E isso é extremamente salutar.
É preciso que haja respeito, antes de tudo. Na minha presidência, que se seguiu ao longo de seis anos, sempre prezei por isso. O interesse do capixaba sempre ficou acima de qualquer diferença política partidária. Quando fomos chamados para prestar assistência ao povo, sempre estivemos a postos.
E acredito que a casa legislativa estadual, em sua atual composição, se manterá na mesma linha. Torço por isso. Aproveito para desejar ao novo presidente Dep. Marcelo Santos sucesso tenho certeza que por sua experiência e competência fará um brilhante mandato à frente da Ales.
Em que consistem as atribuições do presidente estadual de um partido? O que representa para o senhor essa nova fase na carreira política?
Um desafio imenso, mas gratificante. Meu foco principal é o fortalecimento do Republicanos nos municípios onde o partido já tem base. E onde não tem, tentar construí-las, para que o partido chegue forte nas eleições de 2024, se Deus permitir, nos 78 municípios, ou pelo menos na maior parte.
Vamos construir partido a várias mãos com nossos dois deputados federais Amaro Neto e Messias , nossos deputados estaduais que são 4 (Alcantaro , Hudson , bispo Alves e Meneguelli ) prefeitos , vices, vereadores(as) filiados, enfim, com todos unidos para sermos cada vez mais fortes.
Temos que trabalhar pelo menos na meta que alcançamos em 2020. Se fizermos de sete a dez prefeitos, estamos falando em fazer 10% das prefeituras do Estado. Acho que é um número razoável. Vamos trabalhar com essa meta. Estamos num afunilamento partidário, vendo uma série de fusões. Então haverá um número menor disputando as eleições em 2024.
Seu partido governa São Paulo e Roberto Carneiro assumiu a presidência do Republicanos paulista. Isso favorece em que o partido no Espírito Santo?
Primeiro quero dizer do meu orgulho em ver o Roberto presidindo o partido em São Paulo e um orgulho pessoal por se tratar de um amigo e irmão que tenho muita gratidão, carinho e respeito, mas também é um orgulho para os capixabas ver um conterrâneo mostrando como se faz a boa política no estado mais poderoso desse país. Isso não só favorece o Republicanos no Espírito Santo, mas favorece a representatividade dos capixabas no cenário político nacional.
Além das responsabilidades e articulações inerentes à presidência de um partido, onde mais o eleitor capixaba poderá sentir os reflexos das suas ações? Já pensa na possibilidade de uma nova candidatura?
Vou continuar trabalhando por políticas públicas de qualidade para a população do meu Estado. Isso é inerente a qualquer cargo público ou direção partidária que por ventura eu ocupe. A política faz parte da minha vida desde que nasci. Então, o capixaba vai me ver muito ainda trabalhando por ele.
Ainda não pensamos sobre uma nova candidatura. Vamos avaliar de que maneira o partido precisará de mim. Claro, se fizermos um bom trabalho em 2024 e chegarmos bem em 2026 e se o partido entender que posso ser candidato a algo, futuramente, estarei à disposição.
Que previsão poderia fazer quanto ao desenvolvimento do Espírito Santo, diante do panorama político que se moldou depois das últimas eleições?
Eu acho que o Estado tem todos os ingredientes para crescer. Bastam políticas públicas corretas, assertivas e concretas. Que mirem o bem-estar coletivo. Acredito na força do diálogo. Enquanto estive à frente da Assembleia, mesmo enquanto era pré-candidato a governador, ou depois que virei candidato a senador, sempre mantive uma relação institucional estabilizada com todos os poderes, e a Assembleia nunca parou um dia de trabalhar ou de ler as matérias, debatê-las e aprová-las. Ainda que em momentos de divergências políticas e partidárias.
Das realizações que o senhor conquistou para o Espírito Santo, quais destacaria como mais importantes?
Além de liderar milhares de proposituras em benefício do capixaba, como presidente do poder legislativos por seis anos, sem dúvida posso dizer que foi abrir a Assembleia para o povo.
Implantamos muita coisa bacana, como o Procon Ales, a Procuradoria da Mulher, a Delegacia do Consumidor, o Núcleo do Terceiro Setor, um posto de identificação da Polícia Civil, um núcleo da Defensoria Pública dentro da Assembleia Legislativa. Modernizamos a Casa, desburocratizamos o poder legislativo, fizemos economias de recursos públicos. Zeramos uma pauta histórica com os servidores.
São conquistas que nos tornaram uma das casas legislativas mais transparentes, econômicas e modernas do país. Tudo isso nos rendeu prêmios nacionais.
Isso é muito legal, muito gratificante. E não consegui isso sozinho. Foi com a ajuda dos deputados que trabalharam comigo e, claro, dos servidores aos quais serei eternamente grato.
Qual o seu maior sonho para o Espírito Santo? O que ainda dificulta a realização das suas intenções?
Não vejo dificuldade. Quando estamos orientados por Deus, isso não existe. Existe sim, muito trabalho pelo caminho.
Eu quero continuar andando, conversando com as pessoas, defendendo pautas propositivas para a sociedade, me posicionando sempre em favor dos capixabas e do Espírito Santo no que tange a geração de empregos, desenvolvimento econômico e social. E continuar sendo uma peça para ajudar o meu estado, independentemente da posição em que eu esteja.
Como dirigente partidário, terei condições de conversar com todos, visando sempre ao bem comum e melhorar o Espírito Santo cada vez mais. E o que os capixabas podem esperar é um Erick como sempre foi: combativo, atuante e agora mais trabalhador, porque estou com mais tempo para andar.
Seu avô, Heraldo Musso, é certamente uma grande referência política. Ao longo de sua carreira, quem do meio político o senhor poderia destacar como símbolo de trabalho, coragem e valores?
Meu saudoso avô sem dúvida foi e sempre será a minha maior referência. Não só de figura pública, mas de homem, de retidão, de família. Ele me ensinou a dar meus primeiros passos na vida e na política.
Herdei do meu avô a paixão pelo Espírito Santo. E, assim como ele, serei incansável na luta por um estado mais justo e igual para todos.
Além do meu avô, claro, existem outros políticos estaduais e nacionais que me ensinaram e me inspiraram, cada um com suas qualidades. E também com os erros, porque o erro também ensina o que não devemos fazer.
Toda figura pública que olha pra frente, que coloca o bem estar do seu povo a frente de preceitos políticos, partidários e ideológicos e que preserva o que temos de mais precioso no sistema político, que é a democracia, é uma referência para o trabalho de todos nós.
Carlos Mobutto | Jornalista da AZ
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