Carnaval Inclusivo: CAPS de Vitória se Prepara para Desfilar com Ensaio Animado
Carnaval é, além de uma das maiores festas populares do Brasil, que move multidões para desfiles e blocos de rua, uma potente ferramenta terapêutica para pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Por isso, os Caps da Grande Vitória e do interior do Estado se uniram e estão realizando ensaios para desfilar no primeiro dia do Carnaval de Vitória, 2 de fevereiro. Os ensaios acontecem todas às sextas-feiras pela manhã, no Caps de São Pedro, em Vitória.
A diretora interina do Caps São Pedro, Ana Cecília Nunes, explica que os ensaios e a participação no desfile amplia os horizontes dos pacientes para além da realidade em que vivem no dia a dia. “É bacana poder sair um pouco da rotina, conviver com pessoas de cidades diferentes, conhecer outras abordagens. Além da energia e alegria que o Bloco traz, promovendo arte, cultura e cidadania, que são pilares importantes do tratamento terapêutico desenvolvido no Caps“.
Essa abordagem é motivo das inspirações artísticas em alguns usuários, como afirmou Willian Barbosa, paciente do Caps São Pedro e Mc. Ele conta que se sentiu motivado para voltar a usar os serviços do Caps durante os ensaios para o desfile: “Durante os ensaios eu criei uma música para o Caps falando sobre os serviços oferecidos para a gente, falando sobre a quadra, produção de obra e bazar”. Willian destacou a importância do Carnaval por abranger todas as formas de artes, como literatura, musica, desenho e ainda aceitar todas as pessoas, sem discriminação.
Para outras pessoas, o Carnaval também é um momento de criar novas memórias e novas experiências, como afirmou Marlene de Jesus, de 57 anos, paciente do Caps de Vila Velha. Ela está tendo a oportunidade de desfilar e participar de ensaios pela primeira vez, e apesar do nervosismo pela estreia, afirma que a vontade de desfilar é maior ainda.
Desde quando idealizou o bloco, em 2014, a professora de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fabíola Xavier, vê na participação dos Caps nos desfiles um movimento contra o preconceito e a favor de um tratamento humanizado para pessoas que sofrem transtornos mentais graves. “A gente acredita que a luta antimanicomial e a saúde mental só existem com a inclusão de arte e cultura na vida dessas pessoas”.
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