Casagrande Sobre o Cenário Político: Eleições 2024 com Desafios de Equilíbrio e Risco de Polarização
2024 começou e o processo eleitoral dos municípios, mais do que nunca, ficará mais agitado. Essa situação está no radar do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), que trabalhará com equilíbrio, até mesmo para evitar conflitos com aliados de sua terceira gestão.
Essa reflexão foi feita durante o programa EntreVistas, de ESHOJE, ao qual fez análise sobre o pleito deste ano. Casagrande é uma das lideranças mais importantes do PSB, seja em nível estadual e nacional. Contudo, isso não lhe dá o direito de colocar a sua legenda à frente de tudo e de todos.
Para lembrar, o socialista teve em sua chapa, em 2022, os partidos PSB, MDB, Progressistas, Pros, Podemos, PT, PC do B, PV, PSDB, Cidadania e PDT. Isso dá dimensão do peso e da necessidade de se equilibrar, como ele próprio pondera.
“Minha participação nacional nas eleições será uma. Em nível estadual, será outra. O que se sobrepõe é minha função de governador, que é mais importante do que a do partido. O PSB está se organizando para eleger bons números de prefeitos. Pode ser que em alguns locais tenha a minha presença e em outros locais, não. Porque pode ser que o PSB esteja disputando com outro aliado do governo. Então quando tiver essas disputas, não estarei presente. Tenho que separar bem minha tarefa”, explicou o governador.
A cautela faz sentido. Chegando em 2024, até o momento o PSB não tem nenhum herdeiro direto que poderia ser o candidato da legenda para o governo do Estado. Logo, para que haja continuidade de trabalhos e preservação dos feitos, como Casagrande gosta de citar, é importante estar ao lado de cada um que auxiliou o governador naquela que foi a pior eleição (2022) da qual esteve nas urnas, segundo palavras do socialista.
O governador crê que neste ano a polarização política, especialmente envolvendo o lulismo e o bolsonarismo, não vai afetar os resultados nas urnas. Para ele, é possível que haja mais espaço para candidaturas racionais. Contudo, em 2026, o cenário deverá ser diferente.
“Acreditava que a polarização iria diminuir. Hoje, eu já mudei de opinião. Bolsonaro não tem interesse em reduzir a polarização. Lula também não. Infelizmente, vamos ter de nos preparar para um novo ambiente de polarização”, lamentou.
E 2026 no Espírito Santo?
Em 2026, acabará o ciclo de 24 anos nos quais o Espírito Santo só teve dois governadores: Paulo Hartung e Renato Casagrande. Questionado se o Estado já está preparado para romper com esse período, o socialista foi enfático.
“O Espírito Santo vai ter de achar um caminho. Tivemos alternância no poder. Vamos encontrar uma candidatura que possa preservar tudo de bom que foi feito. As lideranças estão colocadas aí. Quando é fabricado de hora para outra, dá errado. Não vou citar nomes, porque está muito cedo. Pode criar diferenças no grupo político”, afirmou.
No entanto, deu o recado daquilo que o Estado, na visão dele, não pode eleger para o Palácio Anchieta: “Temos de fugir daqueles que querem fazer agressões todos os dias. Esses não servem para o Espírito Santo”.
E 2026 para Casagrande?
Casagrande, em 2026, quando estiver às vésperas dos seus 66 anos (a serem comemorados em dezembro) também terá de escolher qual será o seu caminho. Vai ficar na política? Vai preferir carreira na iniciativa privada, especialmente com as pautas verdes, que têm sido defendidas por ele? Por enquanto, ele prefere, mais uma vez, não antecipar nenhum movimento.
“Vou voltar ao nosso desafio. Preservar tudo o que foi feito. Avançar e aperfeiçoar. Se vou ser candidato ou não, vai depender da possibilidade. Eu não tenho projeto eleitoral. Meu desejo era ter os dois mandatos. Então, sem ansiedade para disputa eleitoral. Serei candidato se tiver condições. Uma coisa que você pode ter certeza: vou continuar ajudando o Espírito Santo”, finalizou.
Cenário I
Apesar de dizer que 2024 não é antecipação para o pleito de 2026, o cenário não se configura tanto assim. Se Casagrande vier como candidato ao Senado, logo terá interesse de encaixar os seus aliados na maior quantidade possível de prefeituras, além dos postos nas câmaras de vereadores.
Cenário II
Também é preciso lidar com solidificações de presenças de adversários. Certamente, o Palácio Anchieta não deve ficar tão satisfeito assim com a presença de Lorenzo Pazolini (Republicanos) na Prefeitura de Vitória. Logo, deixará haver nova pulverização de candidaturas ou vai trabalhar pela coesão, para que haja mais competitividade no embate com o republicano?
Cenário III
Casagrande tem trabalhado em ritmo acelerado neste atual mandato. São diversas entregas, o que dá a dimensão de quer deixar um legado. Assim sendo, quem receber a bênção dele, em 2026, pode ter vantagem na largada eleitoral. Mas isso não é uma ciência exata.
Cenário IV
Como bem exemplificou, as lideranças que poderão estar no jogo em 2026 já estão nos tabuleiros. O questionamento que fica é: o grupo que o elegeu vai ser manter coeso como foi em 2022? Difícil de prever.
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