Hipertensão arterial: uma doença que exige cuidados e disciplina no tratamento

Hipertensão arterial: uma doença que exige cuidados e disciplina no tratamento
Doctor measuring blood pressure - studio shot on white background

O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial acontece nesta quarta-feira (26). A Secretaria da Saúde (Sesa) destaca a importância de manter hábitos saudáveis, com uma boa alimentação e a realização de atividades físicas diárias como forma de prevenção e redução dos fatores de risco da hipertensão arterial.

A hipertensão arterial é uma doença que consiste na condição em que a força do sangue contra as paredes das artérias produz uma pressão maior que a pressão fisiológica no sistema circulatório, ou seja, maior que a pressão normal nas artérias, sendo definida como hipertensão, a  pressão arterial acima de 140/90 mmHg e considerada grave quando esta pressão está acima de 180/110mmHg (http://departamentos.cardiol.br/dha/consenso3/capitulo1.asp).

Segundo o médico cardiologista e referência técnica da Gerência de Políticas e Organização de Redes de Atenção à Saúde (Geporas), da Secretaria da Saúde, Aldo Lugão de Carvalho, na maioria das vezes, a pressão arterial não tem sintomas. Entretanto, quando está muito elevada, pode ocasionar vários sintomas.

“As pessoas podem sentir diversos tipos de sintomas como, dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal. Porém, em algumas pessoas, pode ser totalmente silenciosa e, se não for tratada, ao longo do tempo pode causar sérios problemas cardíacos, como infarto, insuficiência cardíaca, arritmias, Acidente Vascular Cerebral (AVC), hemorragias oculares e levar a pessoa a evoluir com Doenças Renal Crônica Grau 5, podendo ocasionar a necessidade de diálise”, disse Aldo.

No Espírito Santo, estima-se que 700 mil pessoas tenham hipertensão arterial. Segundo dados nacionais de desempenho da Atenção Primária em Saúde (APS), em 2022, apenas 22% dos pacientes foram monitorados de forma preconizada. (Fonte Painel de Indicadores da Atenção Primária). No Espírito Santo, foram cadastrados 832.306 atendimentos a pacientes hipertensos na APS em 2022, sendo realizados 1.247 atendimentos a crianças, de 0 a 12 anos, e 1.503 atendimentos a adolescentes (13 a 17 anos), segundo dados extraídos SISAB-SUS.

Crianças e adolescentes também podem ter hipertensão arterial e, assim como nos adultos, podem ter causas primária ou secundária. Essa última é a mais comum, que é aquela que ocorre acima dos 6 anos de idade, em crianças com sobrepeso, obesidade ou história familiar de hipertensão.

Inclusive, foi promulgada no Espírito Santo a Lei 11.779/2023, que obriga a realização do Teste do Bracinho em crianças a partir de 3 anos. O procedimento consiste na aferição da pressão arterial para diagnosticar e prevenir a hipertensão arterial infantil, doenças cardíacas e complicações renais e de retina. A obrigatoriedade é referente às consultas pediátricas realizadas na Rede Pública Estadual de Saúde.

A nefrologista e referência técnica da Gerência de Políticas e Organização de Redes de Atenção à Saúde (Geporas), da Secretaria da Saúde, Alice Pignaton Naseri, alerta para algumas causas do mau controle dos níveis pressóricos, má adesão ao tratamento, automedicação sem acompanhamento médico, falta de seguimento médico adequado, e a dificuldade em realizar exercícios físicos devido à rotina diária, além da alimentação inadequada.

É importante saber que o estilo de vida da pessoa pode interferir no avanço da doença. Isso porque a maior parte da população não tem uma alimentação saudável, não é adepta à prática de atividades físicas e vivenciam alto grau de estresse diário. Além dos fatores sociais que podem induzir ao agravamento da hipertensão arterial, que são tabagismo, níveis de estresse elevado, dieta com excesso de sal, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, uso de drogas psicoestimulantes, obesidade, níveis altos de colesterol e falta de atividade física.

A hipertensão arterial é um fator de risco que pode contribuir para complicações de outros quadros clínicos, principalmente em pacientes com mau controle pressórico, podendo levar ao aumento da mortalidade, como recentemente vistos na pandemia da Covid-19 e na epidemia de dengue.

De acordo com o Sistema de Informação e-SUS Vigilância em Saúde (eSUSVS), o perfil de pacientes que vieram a óbitos por dengue e que tinham hipertensão arterial, de janeiro a 25 de abril deste ano, foi de 17 pessoas, enquanto no mesmo período oito pessoas vieram a óbito por Covid-19 e também eram pessoas com hipertensão arterial.

Prevenção

Ao adotar uma dieta saudável com menor quantidade de sal, pacientes hipertensos devem consumir cerca 2 gramas de sal por dia, além de evitar alimentos processados e ultraprocessados, e praticar exercícios físicos regularmente. A recomendação é de 150 minutos de atividade física semanal. Também é importante gerenciar o estresse, abandonar o tabagismo e tomar medicamentos corretamente. Essas medidas são essenciais para baixar e controlar a pressão arterial.

Tratamento

A Atenção Primaria a Saúde, (APS) é a porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo cuidado longitudinal das pessoas com hipertensão, com a realização de ações preventivas e de promoção de saúde. Os pacientes são acompanhados pelas equipes multidisciplinares de Atenção Primária (eAP) e/ou da Estratégia Saúde da Família (eSF), que cuidam de pacientes hipertensos e diabéticos.

Consultas regulares, conforme os protocolos de estratificação de risco e gravidade, são recomendações para o acompanhamento dos pacientes. A dispensação de medicamentos também é disponibilizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Portanto, o cidadão pode se dirigir à UBS mais próxima da residência dele e iniciar os cuidados com a saúde e o controle da hipertensão.

O Estado disponibiliza médicos especialistas e os exames complementares para o diagnóstico correto e suporte ao tratamento, além de assegurar o atendimento de retaguarda nos hospitais de urgência e emergência, preparados para atender os casos agudos e emergenciais.

A porta de entrada para os casos emergenciais são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de sua região e os prontos-socorros municipais, onde é feita a regulação conforme a doença e a gravidade, sendo o paciente referenciado ao Serviço Hospitalar mais adequado.

Em Vitória, o Hospital Estadual Central (HEC) oferece regularmente o tratamento para pacientes que foram acometidos por Acidentes Vascular Cerebral (AVC), que se relacionam diretamente com os casos de hipertensão arterial, como também o Hospital Estadual Dório Silva, referência em Emergências Clínicas de Alta Complexidade (Emergências Hipertensivas, Urgências Dialíticas).

Dicas de alimentação

– Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições;

– Coma diariamente, pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches;

– Coma feijão com arroz todos os dias, ou, pelo menos, cinco vezes por semana que é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde;

– Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis;

– Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina;

– Evite alimentos processados e ultraprocessados, tais como macarrão instantâneo, refrigerantes, embutidos (salame, presunto, mortadela etc), bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas e outras guloseimas como regra da alimentação.

– Evite temperos industrializados e dê preferência aos temperos naturais;

– Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa, restringindo a 2 gramas de sal por dia;

– Beba pelo menos dois litros (6 a 8 copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições;

 

Fonte: Governo do ES