Espírito Santo receberá R$ 36,9 bilhões em investimentos no setor de petróleo e gás
O Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural no Espírito Santo está em sua 7º edição e mostra o Estado no caminho certo para a transição energética. Em coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (22), a Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) apresentou o anuário e todos os números que comprovam a importância de repensar os combustíveis fósseis como algo que chegará ao fim e o substituto desse bem utilizado e que não tem reserva.
O documento reúne os mais importantes dados e análises do setor, além de apresentar uma projeção da produção de óleo e gás até 2028. De acordo com o anuário, até 2028, serão realizados 12 projetos no Espírito Santo, envolvendo principalmente quatro empresas. Juntos, os projetos totalizam R$ 36,9 bilhões.
Especialistas apontam que o petróleo não vai durar para sempre e, há alguns anos, se fala muito em energia limpa, descarbonização, responsabilidade social e energia renovável. Nesse último quesito, o Estado está em destaque.
Quase 32% do total de energia primária consumida no mundo, em 2022, foi proveniente do petróleo e 23,5% do total de energia primária consumida no mesmo período foi proveniente do gás natural.
O consumo de energia primária derivada do carvão saiu de 25,4%, em 2022, para 26,7%. Os países que mais consomem energia via carvão são a China, Índia e Estados Unidos, que concentram juntos um percentual de 73,3% do total consumido no mundo. O planeta já está mais quente em 1,25ºC, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o que pode gerar desastres naturais irreversíveis.
O Espírito Santo segue no sentido contrário ao que ocorre nos países citados. O Estado tem 13 cidades que recebem gás encanado: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Anchieta, Itapemirim, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, São Mateus, Aracruz, Colatina e Sooretama, e Guarapari, que estava na fila para ser a próxima. Ao todo, serão construídos 58 km de rede de distribuição, o que representa 12.741 novos clientes beneficiados, um acréscimo de 83% ante o registrado no ano anterior. Em média, a ES Gás ligará mais de 1.000 novos clientes por mês. E esse projeto vai gerar cerca de 400 empregos, sendo 100 diretos e mais de 300 indiretos.
Segundo o governo do Estado, com a privatização da ES Gás, houve uma ampliação no desenvolvimento, possibilitando que o gás fosse o vetor para a transição energética rumo a descarbonização. Na ocasião, o governador, Renato Casagrande, disse: “Ter uma rede que usa o gás natural, e em breve o GNV e o biometano, é uma infraestrutura que nos agrada e vai ser fundamental para nosso desenvolvimento. A ES Gás tem atualmente 82 mil clientes, sendo 100 industriais e o restante clientes residenciais”.
A produção de petróleo e gás no Estado vem de duas bacias sedimentares: uma parte no Espírito Santo, a outra na bacia de Campos dos Goytacazes (RJ), onde se encontra a camada pré-sal na região de confrontação com o Estado.
A exploração de petróleo no Estado começou em 1959 e o Espírito Santo já registrou um total de 2.361 poços perfurados. Desses 75,5% são onshore (dentro do Estado) e 24,5% offshore (fora do Estado). A produção capixaba, em 2022, foi de 169,7mil barris de petróleo por dia.
De acordo com a gerente executiva do Observatório da Indústria, Marília Gabriela da Silva, a produção de petróleo ainda vai aumentar esses números antes de entrar em queda. “O petróleo cresceu 4,8% ao ano. Nossa produção vai chegar a 241 barris, em 2026, e a partir de 2027 cai um pouco. Vamos produzir 224,4 em 2027, no offshore”, ressaltou.
O aumento anual da produção de petróleo está previsto no período de 2024 e 2028, podendo chegar a 470,5mil m³ por dia em 2028 no onshore. Cris Samorini, presidente da Findes, destaca a positividade desses resultados.
“Os bons resultados e a projeção para os próximos cinco anos é de um volume de investimentos bem superior ao anunciado em 2023. Saímos de R$ 9 (bilhões) para R$ 37 bilhões. Os resultados podem ser vistos com novas operações, contratações, pesquisa e desenvolvimento, oportunidades acontecendo e trazendo algo que debatemos com grande importância, principalmente para o setor industrial que é a disponibilidade do gás para a transição energética”.
Já o governador, Renato Casagrande, destaca a importância de ter um estado organizado, não apenas para as indústrias, mas para todos os capixabas.
“É importante ter um estado organizado porque pode manter um ambiente de negócio propício a novos investimentos e agora com novas empresas investindo onshore, buscando petróleo onde elas têm perfil para buscar, porque são menores, produção menor, mas aumenta a produção de petróleo e gera empregos. Ao mesmo tempo, um estado que permite que tenhamos capacidade de aproveitar a riqueza do petróleo, fazer a transição energética para investir em infraestrutura. Nós não podemos achar que o petróleo e o gás terão um ciclo eterno. Chegará um momento em que eles serão substituídos, mas estamos usando os recursos para fazer a transição”, explicou.
Petrobras, o maior projeto
Os investimentos em exploração e produção, com destaque para o início da produção do FPSO Maria Quitéria, além da área de refino, comercialização, gás e energia nos municípios de Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy, devem totalizar R$ 25,1 bilhões até 2028.
Em sua 7ª edição, o anuário reúne os mais importantes dados e variáveis de análises do setor para o Estado. O trabalho foi realizado pelo Observatório da Indústria da Findes, em parceria com o Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia (FCPGE); o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP); a Organização Nacional da Indústria de Petróleo e Gás (Onip); e a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip).
Desde a primeira edição, em 2017, o Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural no Espírito Santo vem contribuindo para fortalecer e desenvolver a indústria de petróleo e gás natural capixaba por meio da análise das mais importantes variáveis do segmento, aliando rigor técnico e informação estruturada, atualizada e confiável.
Esse objetivo é alcançado com a difusão de informações que são capazes de assegurar a confiabilidade e a previsibilidade para a tomada de decisão dos atores, em especial na atração de novos investimentos para o Espírito Santo.
Fontes: ANP, RAIS e MDIC | Elaboração: Observatório da Indústria da Findes
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